domingo, 22 de novembro de 2015

Porque Artes Plásticas?

Porque “Plástica”?


Como podemos compreender o que são as artes plásticas? A grande maioria das pessoas sabe que pintura e escultura fazem parte desta denominação, mas então porque “plástica”? O pintor usa tinta sobre algum tipo de superfície, o escultor cria formas na madeira ou na pedra, entre outros materiais. O que tem o plástico a ver com isso?
Para compreender estas denominações precisamos retroceder um pouco e entender o que é arte?
A “arte” não finda com as Artes Plásticas. Existem nove grandes expressões artísticas: A Música, a Dança, as Artes Plásticas, As Artes Cênicas, a Literatura, a Arquitetura, o Cinema, as Narrativas Televisivas e as Histórias em Quadrinhos.
Por boa parte da história, a terceira das artes representava tudo aquilo que era belo. A palavra “arte” vem do latim Ars, que significa habilidade. O artista era o habilidoso executor de uma função específica. Todos os exímios artífices eram artistas. Ferreiros, sapateiros, ceramistas, pintores e escultores. Na tentativa de distinguir estes dois últimos dos demais, se passou a denominar as pinturas e esculturas de obras das Belas Artes. Eram artífices do belo. E a beleza reinou por muito tempo nas artes...

O problema começou quando estes modeladores do Belo resolveram produzir obras que não eram nada belas ou não reproduziam o que era belo. Como chamar então aquelas realizações de Belas Artes? Era o início das discussões sobre a Estética na arte. O que era então Belo? Não se podia afirmar com certeza, já que esta percepção varia de pessoa para pessoa.
“Arte” passou a ser então as representações de sentimentos e expressões humanas executadas sobre uma perfeição estética e técnica. Principalmente técnica. Foi a valorização da técnica que desenvolveu grande parte dos movimentos modernistas: não eram as representações que interessavam e sim, como eram executadas e como se processava a intercessão entre sentimento e técnica.

A técnica de execução do material empregado na fixação da emoção sobrepujou sua antiga função.
E assim que finalmente chegamos ao “plástica”.

As “Artes Plásticas” não são nada mais que a capacidade de moldar, modificar, reestruturar, re-significar os mais diversos materiais na tentativa de conceber e divulgar nossos sentimentos e, principalmente, nossas idéias.
É a essência do plástico. Um material inicialmente líquido que se pode transformar em qualquer tipo de utensílio, objeto, peça ou componente, necessitando apenas, neste processo, da criatividade não só de conceber o objeto em si, mas também do processo de produção deste objeto. Por isso Artes Plásticas.
E esta arte hoje em dia não mais se circunscreve apenas a pintura e a escultura, como também avança pelas performances, instalações, vídeo-artes, cyberartes, grafismo, proto-arte e inúmeras outras expressões pós-modernas.
É assim que a categoria “arte” passou a delimitar uma expressão especifica do ser humano, afinal, existem coisas belas que não são arte mas admiramos e ainda coisas que admiramos, não são belas e nem são arte. E o pior: coisas que não gostamos, não são belas e são “arte”!

A “arte” passou a ser um leque muito abrangente de produções específicas relacionadas não mais ao sentimento da visão, mas sobretudo, as expressões internas de significado e aos arcabouços das técnicas de execução.
Se observarmos esta afirmação de Duchamp, quanto ao sentido da arte, compreenderemos como a arte é vista hoje: "A arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas qualquer que seja o adjetivo empregado, temos de chamá-la de arte. A arte ruim é arte, do mesmo modo como uma emoção ruim é uma emoção".
É isso que a arte é hoje.
Criação.
O pleno e mais esplendoroso ato de criar intencionalmente. É desta forma que a Arte passou a ser a intenção de fazer Arte.


Carpe Diem
Amaro Braga